sábado, 2 de fevereiro de 2013

Laura novamente


 
dema
 
Como se lhe fosse a vida
um enorme sacrifício,
presente irrecusável,
do vivente, dever de ofício.
Uma tristeza profunda
à alegria de Laura subjaz
nas diárias conquistas
que a lida da vida lhe traz.
Que graça há em ser pura,
em ser pobre de alma nobre,
em sonhar, mas com amargura,
cortadas madeixas meninas?
Ou terão furtado seus sonhos,
roubado a alegria do mundo,
heroína em solidão à caça do perfeito,
crítica estoica da podridão do banal,
do hedonismo, eterno pecado.
Será ela o arauto da justiça e da paz,
o João Batista da prometida e
tão próxima redenção?
Quem beberá o vinho da salvação?
Laura morre na cruz sem reclamo.
Nisso se compraz.

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