quarta-feira, 11 de março de 2009

OLHO E VEJO

(Historinha para o deus menino)

DEMA

Outrora, nos cafundós do universo,
entre tantas, uma voz dizia:






"Em mim mesmo sinto a vida.

Vejo nas coisas do mundo muita harmonia.

Embasbaco-me com o céu azul e,

olhando a vida,

vejo-a mesquinha.

Olho prá você... quanta beleza!

Vejo seu sorriso... quanta tristeza!

(Alegria da hipocrisia)

Bebo do cálice de angústia dos homens.

Na solidão, sorvo a melancolia.

Sinto o perfume das rosas.

Na flor? - Vejo a vida.

Na dor do irmão há esperança

de u'a mão, de alívio.

No ser, a pressa de ser, a insolidez do espaço.

Há no tempo a saudade.

Vejo saltar das mãos cansadas
a fome do pão merecido.

A náusea humana

aniquila o sentido da vida e quase invalida

o plano divino.

Olho a náusea e vejo ali a vida.

Olho a quase mãe e, a seguir, ouço o grito da criança:

não nasci!!!

Está ali a vida:

no quadro do artista sem sucesso,

na poesia que li,

no pastor que fala, fala só... só fala;

nas teorias pessimistas,

no canto à liberdade,

nos 'prazeres egoístas'.

Olho o mundo e vejo ali a vida.

Mundo de homens restos de homem... pobres homens!

Mundo pobre!!!

Uma borboleta voa 'daqui-prali'... que beleza!...

veja a vida!

O sol nasce sempre,

ou fez a noite quente,

ou faz a noite fria.

_ Paira, Espírito! Paira sobre as águas e guarda o AMOR, pérola na escuridão perdida!"


Houve uma vez, nos cafundós, um mundo e nele a vida.
Outrora... nos cafundós do universo.

Nenhum comentário: