sábado, 29 de agosto de 2009

Renascer

DEMA

Cada um tem seus momentos de angústia,
em que o mundo é nada e o inferno os outros.
Ao redor, grita e ensurdece a agitação,
mas não há nada,
só o espaço bloqueado no eu.
Aí geme agonizante a vida,
o coração soluça,
revolta-se a mente,
o nada existe, por dentro e por fora;
o relógio dorme,
os ponteiros param;
é cada segundo um dia,
cada minuto um século.

É preciso então:
- olhar longe, muito longe, para além do nada
e fixar no tudo uma centelha;
ver nela o espetáculo findo e
a imagem do porvir;
- fazer força para crer na luz;
- sentir entreabrir-se o peito e,
gota
a
gota,
renascer a vida,
que, em seguida, aos borbotões,
estilhaça a angústia,
rompendo o ser num grito de vitória.
E eis que ela se lança em corrida louca,
saltando abismos do universo,
desesperado náufrago que se agarra no rastro de espuma
ao ver fugir
o barco da ESPERANÇA.

Um comentário:

lora disse...

Esperança, aquela sempre nos alcança.
É presente, inerente, como a vida, que nos surpreende, atrevida!
A nos resgatar, mesmo quando não queremos ser salvos, inconsequentes que somos, ingênuos até.
Quando nos julgamos sem fé...