sábado, 13 de agosto de 2011

Se Marte me visita


dema

Tocou-me a campainha o vizinho,
que há milênios, bem me lembro, não o via.
Humorada fui fazer-lhe cortesia,
longo papo e uma taça do bom vinho.

Mas que aparência estranha, meu amigo,
o que em remotas eras foi comigo,
crateras se espalharam por tua face,
por que não maquiá-la pra disfarce?

Ao te ver, penso na moça-menina
que, em se olhando no espelho, lacrimeja:
onde a pele limpa, de veludo e fina,
que ao beijo da mamãe vira cereja?

É que tanta espinha me instiga,
ou quem te arrancou cravos profundos;
foram marcianos ou ETs de outros mundos,
que te fizeram feio por intriga?


Qual “porquê” desse vermelho carregado?
 Ah, sou curiosa, companheiro 
Por acaso teu PT andou zangado
ou te tornaste um comunista por inteiro?

Talvez haja um Marx marciano,
ou um Satanás que, por engano,
te tenha visitado e aí fincado
eterna moradia pro pecado.

Se bem não me pareças comunista
e nem tenhas cara de malvado,
apenas a feição tão esquisita,
mas sempre mui amigo, longe e ao lado.

De repente não sou boa anfitriã,
desse jeito esculhambado te inquirindo,
se meu manto azul-celeste vai cobrindo
malvadeza toda própria de vilã.

Perdoa-me o faltar com a gentileza,
pois que com galhofas eu te trato;
certo é termos a mesma natureza
e pra findar o papo me retrato.

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