domingo, 11 de setembro de 2011

No quente verão...

                                         dema

Estende-se a noite
A prolongar o dia.
A janela aberta,
Um calor de açoite.
Alhures, o sono deambula
E a mente, desperta,
A seu turno, qual vadia,
Pelo tempo fugidia,
Em lembranças e temores
Perambula.


Prazeres e mazelas brotam virtuais,
Perpassados todos sem cronologia,
Vão ditando a ordem, como em rituais,
Forjados na premência de sua ousadia.


Que será de Tânia? E de Manoela?
Onde a Betânia, onde a Gabriela?
Quem lhe diz de Vânia, sua Cinderela?
E de Edivânia, a linda prima dela?


Ainda menino e as estripulias
De brincar de pique, de morder as tias,
De brigar na escola, de coçar ferida,
Passar merthiolate, hum! que dor doida;


E depois da escola, de vazar pra roça,
De correr da vaca por causa da cria,
Dar-lhe uma pedrada, entrar na palhoça,
Morrendo de medo, pois se o chifre enfia...


Quando adolescente, perdido em si mesmo,
Mas buscando a esmo profissão decente,
Pinta Mariana, ah! Deus, que princesa!
Porém, vagabunda, só tinha beleza.


Que calor terrível, oh! Senhor da brisa,
Por que não dormir, sonhar com a Monalisa?
Eis que se aproximam novos devaneios
Ocupando a mente com outros passeios.


E se não bastantes, surgem os temores
Com filhos crescidos e com os seus amores,
Se há grana pras contas e para um projeto,
Pensar o amanhã, mas embaixo a um teto...


Assim segue a noite,
A emendar com o dia,
Cabeça pesada,
A cama vazia,
Um banho gelado,
O amargo café,
Uma Ave Maria,
O pé na estrada
E em Deus muita fé.


Amém!

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