quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ARARINHAS AZUIS

dema

Viemos da caatinga do São Francisco baiano,
tínhamos lar bem festivo do princípio ao fim do ano;
nosso habitat natural,  o entorno de Juazeiro,
mas hoje a nossa casa é tão somente cativeiro.

Aves de beleza rara, aí nossa maldição,
todo ninho saqueado, filhotes surrupiados,
tiraram-nos do sertão.
Destruíram nossa “hacienda”, nos puseram à exposição,
viajamos mundo afora, “só voamos de avião”.

Ararinhas azuis somos,
tão azuis quanto o infinito,
extintas na natureza,
_ ai que tristeza! _
perdemos parte do encanto.
Não se houve mais nosso canto,
muito menos  nosso grito.
Somos um resto de espécie,
sessenta, não mais que oitenta,
espalhadas pelo mundo,
que aos poucos nos esquece.
Não bastasse tudo isso,
procriar nos é difícil:
somos da monogamia,
longe de nós a folia;
por mais que nos forcem a transa,
transamos sem esperança.

Eis-nos quatro de um projeto,
buscando a  perpetuação.
Em área de alheio teto,
o que muito  nos acanha,
temos a visitação
de outras duas da Alemanha.

Preservar a nossa estirpe,
que se obriguem os humanos,
se agiram em modo torpe,
que nos salvem com seus planos.
Se acaso houver insucesso,
que isso sirva de exemplo,
que preservem a natureza
doravante a todo tempo.

 

 

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