terça-feira, 12 de março de 2013

ALGO ESTRANHO



dema
(Há algo estranho no reino da minha máquina,
pois aqui fora sempre um torrão de lástima.
Derrama incrivelmente imensa alegria,
clareando a noite como a luz do dia.)


As lágrimas molham-me o rosto,
quase nunca me sinto assim
alegre, muito bem disposto,
é a noite sorrindo pra mim.

Não vejo razão para o pranto,
motivo pra tamanho encanto,
porquê dessa endorfina extra
que vem mascarar minha sexta.

Talvez seja o caso de um brinde
ou grande comemoração.
Seria, quiçá, um acinte
da vida pro meu coração?

Mas, por outro lado, percebo:
jamais fora eu renegado;
Deus fez-me saudável mancebo,
ser triste é que foi meu pecado.

Na vida não sofri agruras,
tive amor, carinho, amizades,
se bem que poucas aventuras,
mas todas pra deixar saudades.

Afinal, eis que eu me questiono
por que não coser u’a permuta:
dar à tristeza um outro dono e
fazer da alegria mi’a luta?

ALVORADA INFERNAL



dema

Pardais e rolinhas em saque ao canil
bicam a comida de três cachorrinhos.
Tamanha algazarra, serão quase mil?
Barulhentos, briguentos, selvagenzinhos,
a comem e espalham por todo o quintal.
É a farra diária, alvorada infernal.

─ Ah, solte os cachorros – alguém sugeria –
que vão depená-los com raivosos dentes.
Pior é que não, de nada adiantaria,
amigos fiéis, espécies diferentes.

Após a comida, mergulham na água.
Sem cuidado algum, a bebem e se banham.
depois os “doguinhos” sequer a encaram
até que se lave a vasilha e a enxague.

Não posso espantá-los, pois para algo servem:
detonam os insetos lá do jardim.
E se não bastasse, o barulho que fazem
expulsa a tristeza que inda mora em mim.

quarta-feira, 6 de março de 2013

RENOVAÇÃO


 
dema


Devagarinho a rotina se descortina,

arrocha a gente, dita a sina

e a gente quase não sente;

sempre pela última vez, o vício corrói,

quer-se diferente;

vencê-lo, só herói.

O desprazer espanca a panca,

tira a calma e magoa a alma.

A preguiça infeta,

não se vive, se vegeta.

A solidão mata.

Quando não, aleija,

a alegria de viver arrebata.

Do top ao down alguém se desfaz.

A vida dói, ausente a paz.

Se nada enaltece,

o amor murcha,

o espírito fenece.

Velho amor, bruxa.

Do azul suave ao blue.

Saudade da alegria,

dos amigos,

da festa,

dos amores,

da seresta,

do belo,

outros valores,

do caramelo,

de mim,

de Deus.

Ah, Deus!

Sem Deus,

adeus!

É o fim.

Mas, nEle, esperança,

a luz,

o vislumbre,

a cruz

e se se lança:

o renascer,

inovação,

renovação,

prazer,

aprumo,

novo rumo,

Deus,

eu,

caramelo,

o belo,

outros valores,

a seresta,

os amores,

a festa,

os amigos,

a alegria,

a paz,

a vida

e o azul suave.