sábado, 20 de abril de 2013

LACUNA



dema

Faz muito tempo os pensares retenho
Como se a tinta estivesse apagada
Ou as imagens fugido no empenho
De reduzir meus escritos ao nada.

Mas que falta faz descrever as verdades,
Pintar coloridas ideias que vêm
Ou, sendo oportuno, tratar das vaidades;
Se a alguns isso agrada, outros nem as veem.

O espaço de tempo que resta em lacuna
No traçado plano da continuidade
Detém os pesares que não quero unam
Os versos de pranto e da felicidade.

Às mágoas recentes ele se destine
Pra não formatarem maldito meu estro,
Borrando o poema e a alguém desatine
Com o gosto amargo do verso indigesto.

Que fique a tristeza jogada ao olvido
E assim não sombreie a mente legente;
Que a sinta o poeta se achando falido,
Porém não será tido por displicente.

Hão de retornar mil outras imagens,
Desejadas damas de futuros versos
Para se tornarem dignas personagens
A livrar o vate do caos em que imerso.

Dê-se, pois, tempo ao tempo a contento,
Não conhece a poesia o destempo.


domingo, 7 de abril de 2013

Simples conselhos.



..
dema

Pense numa coisa boa
que há talvez de lhe ajudar;
evite magoar-se à toa,
pois pode se machucar.

Sonhe sonhos coloridos
e procure conquistá-los;
tente contornar perigos,
sei que Deus vai afastá-los.

Some sempre mais amigos
para aumentar a alegria;
reparta o feijão e o trigo,
busque a paz e a harmonia.

Sorva a vida com prazer,
veja natural a morte;
se alguém não lhe merecer,
não o deixe à própria sorte.

Viva como se tivesse
só um dia pra viver;
faça logo o que carece,
colha os frutos do fazer.

Seja sempre complacente
com qualquer que lhe ofender;
Deus não trata diferente
os que ante Si vão ter.

sábado, 6 de abril de 2013

SAUDADE E LEMBRANÇA


dema

Do presente aos anos de criança,
voltam,  reavivando virtual,
de mãos dadas, saudade e lembrança,
fatos,  feitos de um mundo real.

E nessa jornada em correria,
vezes brigam, outras riem, choram,
não raro usando de zombaria,
pra dar vida a alguns casos de outrora.

Lembrança dos folguedos de infância,
dos amigos de igreja e de bola
das meninas, Suzete e Constância,
dos beijinhos na porta da escola.

Saudade intensa do amor primeiro,
embora breve, mui palpitante;
se bem inocente e alvissareiro,
eternizou-se assaz importante.

Dos sinistros a memória é curta,
dos amores as visagens fartas,
como fartas as cercas de murta
no sonhar dos meninos de Esparta.

Se há lembrança do torrão natal,
vem no peito bater a saudade
da gente alegre, sem outra igual,
adultos, guris, qualquer idade.

Recordações de bailes, serestas,
brigas, casórios, cantos e festas,
dos causos, lendas e das canções
e apertando vão-se os corações.

Tristeza causa a lembrança fúnebre,
lágrimas rolam, caem no chão;
mesmo não sendo pessoa célebre,
finca uma flecha no coração.

Onde é que mora então a saudade,
pois a memória brota na mente,
se quando bate o coração sente,
e vem mexer co’a felicidade?
...

terça-feira, 2 de abril de 2013

TECLADO MACIO




dema

Por que não me entregas bom teclado à mão?
Juro, te farei linda canção romântica.
Inda que te afete uma questão semântica,
com certeza, há de tocar teu coração.

Enquanto a lês, note bem a melodia,
que penetra a alma, aguça o paladar
pra sentir, tremendo, mesmo à luz do dia,
o gosto do beijo que eu irei te dar.

Volve-me o olhar dos teus olhos azuis,
envolve-me o corpo ao olor de pecado.
Dedilhá-lo-ei, meu macio teclado,
porque a lucidez, ‘squecerei onde a pus.

Se te entregas a mim assim tão “caliente”,
ter-me-ás para sempre a teu beija-pés.
Saiba, pois, te asseguro, desse acidente
sequela é paixão pra mover-me, Menés.

Outra Cléo serás, querida rainha,
senão Afrodite, senhora dest’alma.
Restará nas mãos tuas a vida minha
repleta de amor a aquecer as tuas palmas.

Volve-me o olhar dos teus olhos azuis,
envolve-me o corpo ao olor de pecado.
Dedilhá-lo-ei, meu macio teclado,
porque a lucidez, ‘squecerei onde a pus.
...