terça-feira, 24 de junho de 2014

Ansiedade

dema

Gotas d’água sobre fogo dão vapor,
já de duas solidões resulta amor.
Ansiedade...  por rever-te me domina,
por beijar teus lábios doces me vassala,
por querer-te nos meus braços me alucina;
pra ter meu corpo no teu farei cabala.

Do instante, quando ainda eras menina
resoluta, em que tomaste a decisão
de deixar a minha vida antes da esquina
e dar à tua uma outra direção,
mui almejo decifrar a tua história,
revelar-te o ocorrido com meus passos,
emergir desse passado de fracassos
maquiado com poucos flashes de glória.

Quero mirar bem no fundo nos teus olhos,
ver a lua passeando com as estrelas
sobre as águas que se jogam nos escolhos
de tu’alma já cansada de querelas;
constatar se até agora arrastam um náufrago
que de há muito tu lançaste no costado
e, na espera de ganhar algum afago,
sobrevive em tua imagem arrimado.
Ademais, ouso indagar teu coração
se encontraste por ventura um outro amor
ou se apenas deste abrigo à solidão
pra tua sina ser tão só lamento e dor.
Busco saber se há vislumbre de lampejo
de me ter, de me amar, de me querer,
de saudade, de paixão ou de desejo,
pra alegria deste meu pobre viver.
Ansiedade...  por rever-te me domina,
por beijar teus lábios doces me vassala,
por querer-te nos meus braços me alucina;
pra ter meu corpo no teu farei cabala.



DEMAISILVA

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