quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Miséria, pilhéria

dema

Subjuga-me o ódio
que, ora, o mundo toca.
Entre sete bilhões de indivíduos,
perco-me gente.
Cada qual diferente.
Muitos se matam,
outros nos matam.
Mundo brutal.
Quebrou-se o vaso, num certo dia,
vazando a razão que ali havia,
junto à moral.
Restou do fundo ético,
talvez, um cético,
que de verde, às vezes, se veste
e procura a luz de longa espera.
Não sabe o povo
o que quer de novo,
embebeda-se ou se desespera.
Quando sombra,
diz não à estricnina.
Antes a guilhotina,
sem vídeo, sem dor,
melhor o fora.
A faca esguicha o sumo inocente
com que mancha de vermelho a terra
e, de negro, coagulado,
a humana honra decepada.
O nome de deus ecoa na boca do demônio.
Tiros pipocam contra inocentes.
Sacrílegos se fazem até meninos,
outros entes.
A selvageria torna confuso meu estro;
sequestra, da alma, a compaixão
e expulsa o amor pr’outros rincões.
Sinto-me reles plebeu contra o ódio indignado,
agora, dele, também impregnado.
Renego-me o humano.
Sou a serpente, ao esquilo, imortal
a cuspir veneno ao redor,
em qualquer terreno.
Universo acéfalo.
O Criador desanimara e fugira,
deixando-nos a sós?
A vida sinonimiza miséria...
Ou pilhéria?

sábado, 10 de janeiro de 2015

Honrado povo da Ilha


dema

Racional e filosoficamente, a ideia de revolução permanente é contraditória em si mesma. Ou ocorre a quebra estrutural, a mudança, com inversão de rumos, ou a ruptura do status quo vigente, com consequente estagnação da nova ordem, ou, então, tem-se a evolução.
Imagino os insulares laborando com os conceitos de liderança e opressão, conceitos esses que não se confundem e não se dão suporte ideológico e fático.
Ninguém é dono de um povo e, muito menos, de uma nação. Inclusive à consciência coletiva, impõe-se respeito aos direitos inerentes à natureza humana e às diferenças, ainda que individuais ou de minoria.
É de meu sentir carecer aos insulares a promoção de um salto qualitativo e quantitativo, cultural e tecnológico, da primeira metade do século XX para a segunda década do (século) XXI.
Figura-me passada a hora de inFIDELização e de desCASTRação dos irmãos cubanos, em busca de se tornarem um povo livre,  para dar asas ao próprio sentimento de luta, de progresso e humanismo. É já precluso o tempo de extirpar dessa honrada gente o internacional estereótipo de cordeiro.
Que tal uma “Cuba Libre”!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

XXI e a barbárie

dema

Qual barata tonta,
quando me dei conta,
mal sabia eu de mim;
vivia no vinte e hum,
em que a civilização
teve fim.

Caíram as torres gêmeas.
— O imperialismo?   — Mas nem!
Recrudesceu o ódio
mesmo em Jerusalém.

Basta, à mulher, a cozinha,
o cuidar da criazinha,
femear-se a deleite do macho.
Adeus, escola. Vontade de Alá.
Que esculacho!
Será?
Ô miséria!
Ô Nigéria?

Quando não a barba,
a máscara esconde a cara.
Tara!
Era do covarde.
A morte cospe fogo
pela faca e pelo cano;
infiel é fulano:
extermínio, genocídio,
decapitação, homicídio.
Guerra santa, quanta!!!
Valha-nos, Alá!

Negro não respira, pra quê?
Matar, jamais, só pode morrer.
É legal... brutal!
Ah, apartheid!
Treinar pontaria
nos alunos de escola.
Quem não faria?
Acaba a cola.
Covardia!

Afanaram o tesouro público.
Cadê teta pra tanto chupeta?.
Maná que dá poder,
sepulta a liberdade,
vilipendia a cidadania.
Dicionário fez mortal
a ética, a moral.

Onde o Estado, a Nação,
a política divisão?
Aeronave mergulha em terra,
foguete contra cidadão.
(— Mas ela não lança bombas!
— E daí, é a guerra.)

Etiópia morre de fome.
Bem, ao menos, some.

Carros se afogam nos pátios,
nas ruas, nos becos.
Revoltados quebram o metrô.
É culpa dele, “meu sinhô”!

O poder corrói a mente,
enrijece o coração,
que já não sente,
recusa oração.
Vale tudo e mais além.
Ah, Maquiavel,
inda há um Deus no céu?
Não posso dizer “amém”.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Monatadura

dema

A monarquia ratifica a desigualdade de direitos, confere a u’a minoria opulência imerecida, reconhece a supremacia de sangue sobre sangue, em detrimento da igualdade dos nascidos de mesma espécie, em conformidade à própria natureza.
Assim também a ditadura, que coíbe, à força bruta, o direito de pensamento e de expressão, ao manipular e subjugar o cidadão ao seu arbítrio.
Às favas com a monarquia, com a ditadura e com a demagogia!
Vivas à democracia, à alternância no poder!
Vivas à cidadania expressiva!

Terceira via

dema


Já velho o tempo sem horizonte.
Que tal um desmonte pra neomomento?
Paira a mentira, a falcatrua,
longe a verdade, nem se a insinua.
É roubo, é lodo, o ano todo,
vil engodo a um pobre povo.
de orgulho podre.
Alguém ajude ceifar o joio,
daninha erva a sujar o açude
e a tirar o apoio da gente rude
a essa caterva. Maldita hera!
Traça em tesouro da terra fértil
merecedora de bom agouro.
Nada como agora,
nem como dantes.
Esteja a melhora
não tão distante!!!