terça-feira, 7 de junho de 2016

Cantil vazio


dema


Muito do pouco que sei
gostaria de dizer hoje,
afinal, já nem mesmo sei
se o que sei de mim foge.

Talvez a vida me diga
o quanto eu quis e não fiz;
só ela censura e castiga
quando me quebra o nariz.

O coração mole, mole
vem, segue o corpo indolente
que bebera, gole a gole,
todo o cantil de aguardente.

A mente não mais reclama,
ignora o que a alma sente,
prostrada na própria cama,
a tudo vê indiferente.

Se ainda há luz ou se é noite
nada me importa, infeliz,
a ressaca me é o acoite,
mal amada meretriz.

Quem sabe amanhã eu diga
o que hoje quero dizer,
pois ninguém ouve nem liga
ao que repito sem ver.
Quem sabe amanhã eu diga...
pois ninguém ouve nem liga...
pode ser que até repita...
mesmo sendo sem querer...
pode ser...
que eu diga...





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