terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Refém


dema


Entreguei meu coração de graça,
não ganhei, contudo, o de ninguém.
Meu destino fez-se então vidraça,
tornei-me, do desamor, refém.

Jamais odiei os que se amam,
porém, deles, juro, inveja  tenho.
Minh’alma pena, sempre reclama,
leva, alquebrada, pesado lenho.

Maldigo a vida com sofrimento,
ausente amor, por que restar vivo?
Fosse ela apenas simples momento,
nenhum partir seria preciso.

Detritos, penas, o que restou
dos belos sonhos com arribaçãs
que se perderam, por certo, em voos,
embevecidas d’outras manhãs.

Deixaram-me só com a minha sorte,
tendo o infinito por ameaça.
Pra meu consolo, entrevejo a morte,
com boas vindas, virando a taça.

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